Agora, para lidar com esse problema e a dramática estatística apresentada pela sociedade coreana, surge outra alternativa: as chamadas “escolas da morte”. A ideia é proporcionar ao público um momento de reflexão sobre a possível decisão de acabar com a própria vida, envolvendo a maneira de se fazer isso e uma análise sobre o sentimento das pessoas e familiares que ficam.
As aulas
As simulações de funerais se iniciam com os alunos carregando o seu próprio retrato funerário até um caixão. Há vários alunos por classe e eles estão utilizando vestes tradicionalmente utilizadas para o enterro. Todos os passos são regidos por um palestrante, que no caso das aulas das imagens é Jeong Yong-mun, ex-funcionário de uma companhia funerária. Na fala inicial, ele procura evidenciar a todos os presentes que os problemas fazem parte da vida e precisam ser aceitos.Antes de começarem o falso velório, Youg-mun solicita aos participantes que escrevam o testamento ou uma carta aos seus familiares. Além disso, eles também precisam ler as últimas palavras para todo o grupo. Por fim, chega a “hora de morrer” e, com as velas sendo acendidas, uma pessoa trajada como o “anjo da morte coreano” entra na sala.
Os alunos, então, entram nos caixões e são trancados pelo “anjo”. A sensação é de estarem mortos, pois são pelo menos longos 10 minutos enclausurados nas caixas de madeira. Nesse tempo, o que eles devem fazer é refletir sobre a vida e analisá-la sob outra perspectiva.
No fim dessa experiência, segundo o site Mail online, os alunos saem dos “paletós de madeira” renovados, com pensamento livre dos conflitos que os incomodam. O palestrante ainda profere algumas palavras, atentando para o fato de que os participantes viveram uma experiência de morte, mas estão vivos e precisam seguir lutando.
Entre os públicos-alvo das aulas estão jovens e adolescentes pressionados por bons resultados nas escolas e universidades, pais que, vendo seus filhos saírem de casa, começam a se sentir inúteis e idosos que se sentem um peso nas contas dos familiares.
Os fatores que causam as altas taxas de suicídio
A Coreia do Sul levou poucas décadas para sair da posição de uma das nações mais pobres e figurar entre as 12 maiores potências econômicas do mundo. Como consequência, as pessoas passaram a ignorar o coletivismo, aderindo à ideologia do individualismo. Isso influenciou nas estruturas familiares e muitos passaram a se sentir sozinhos e abandonados.É isso o que sugere o Escritório Nacional de Estatísticas, atentando para o dado de que menos de um terço da população do país ainda acredita que deve sustentar parentes idosos. Esses, por sua vez, desesperados pelas condições que apresentam, possuem uma tendência a cometer suicídios, na Coreia do Sul, quatro vezes maior do que em qualquer outro país desenvolvido. A única nação com índices maiores do que o país asiático nesse sentido é a Guiana, vizinha do Brasil, aqui na América do Sul.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, enquanto na Coreia aproximadamente 28,9 pessoas se matam a cada 100 mil habitantes, esse índice é de 44,2 no país sul-americano.