Esse sentido se baseia na emissão de sons na forma de cliques e estalidos ultrassônicos (na faixa dos 150 kHz) que se propagam pelo ambiente, “batem” nos objetos ou corpos e voltam aos golfinhos, que interpretam as informações e calculam a distância entre eles e seus alvos.
Esse sistema é extremamente aguçado e bem conhecido dos cientistas. No entanto, de acordo com M.R. Paxson, do portal Conceptual Revolutions, agora um time de pesquisadores diz ter descoberto que é possível gerar imagens a partir dos sons emitidos por esses incríveis animais. Isso significa que os estalidos e cliques produzidos pelos golfinhos através da ecolocalização podem dar origem a figuras que serviriam como base para a comunicação desses cetáceos.
Comunicação por imagens
Segundo Paxson, os cientistas acreditam que, se eles estiverem corretos, a descoberta permitiria que um dia os humanos compreendessem e “conversassem” com os golfinhos por meio da linguagem que esses animais usam para se comunicar.Os pesquisadores fizeram a descoberta após estudar a comunicação entre golfinhos por mais de dez anos. Conforme explicaram, eles perceberam que animais que não eram expostos à ecolocalização eram capazes de identificar objetos com 92% de precisão a partir da gravação de sons emitidos por outros golfinhos. Foi então que os cientistas decidiram “ver” o que havia nesses ruídos.
A pesquisa foi conduzida no Dolphin Discovery Centre, localizado em Puerto Aventuras, no México, e os cientistas conseguiram gerar a imagem de um homem submerso através de uma combinação de tecnologias e de um equipamento chamado CymaScope. A pessoa da figura é Jim McDough, um dos integrantes do time, e o golfinho encarregado de “ecolocalizá-lo” foi Amaya, uma das fêmeas que participaram do estudo. Veja no vídeo a seguir:
De acordo com um dos pesquisadores, a primeira imagem aparece pouco nítida porque os ruídos emitidos por Amaya foram de curta duração. No entanto, depois de os cientistas tratarem a imagem, eles conseguiram distinguir a silhueta de Jim “impressa” na água, revelando o que eles acreditam ser o que o golfinho “viu” por meio do biossonar.
O mais interessante é que o time acredita que, se uma sequência mais longa de cliques e estalidos for avaliada, eles conseguirão transformar os sons em mais imagens — e usá-las como quadros para criar um filme em tempo real do que o golfinho em questão estiver “vendo” com a ecolocalização.
Os pesquisadores acreditam que a descoberta será recebida com bastante ceticismo pela comunidade científica, mas pensam que, mesmo assim, a pesquisa permitirá explorar novas possibilidades que poderão mudar para sempre o nosso entendimento sobre os golfinhos e outros animais.