Seis mitos absurdos que as pessoas acreditavam durante a lei-seca americana

Os Estados Unidos tiveram uma época em que era proibida a fabricação, transporte e venda de bebidas alcoólicas. De 1920 a 1933, os americanos passaram pelo período conhecido como a “Proibição”, e que desde a sua origem até o momento em que foi cessado, foi cercado de polêmicas e protestos.
Uma curiosidade sobre essa passagem da história americana é que em nenhum momento o consumo de álcool foi proibido, mas com a alteração na lei, as pessoas passaram a beber produtos clandestinos, o que culminou na morte de muitos indivíduos. Junto com a economia, pois diversos estabelecimentos foram a falência por pararem de comercializar bebidas, os riscos à saúde foram determinantes para que a alteração fosse revista.
Baseado na história real de 3 irmãos que ganhavam a vida com o contrabando de bebidas alcoólicas na época da Proibição, o filme "Os Infratores" retrata como foi o período da lei-seca nos EUA
Mas voltando ao início de toda essa confusão, é a origem da Proibição que nos interessa. A alteração na lei só aconteceu baseada nas ações dos movimentos e grupos de moderação que vinham ganhando força desde a virada do século. Eram grupos religiosos, mulheres que defendiam que o álcool acabava com casamentos e famílias e donos de grandes fábricas, que viam a proibição como uma importante saída para prevenir e diminuir acidentes de trabalho.
Essa turma cresceu e conseguiu atingir o seu objetivo de promover a proibição por meio de campanhas de conscientização da população e investidas contra o álcool. A propaganda em prol da lei-seca foi profundamente absorvida pelo sistema educacional e acabou disseminada de forma ampla por diversos segmentos da sociedade. Porém, em muitos casos, a luta para conscientizar as pessoas e abolir as bebidas alcoólicas acabou espalhando desinformação e diversos fatos inverídicos sobre esses produtos.
Baseado nisso, nós apresentamos a seguir 6 mitos absurdos que a população americana acreditava durante o período da proibição com base em uma publicação reunida pelo site Mental Floss.
Confira o que se dizia sobre o álcool na época:

1. O álcool transformaria o sangue em água


Acreditando que a proibição do álcool iria acabar com a violência doméstica, o “Departamento de Instrução Científica da Temperança”, uma vertente da União Cristã Feminina da Temperança, popularizou que o álcool transformava o sangue em água. Mesmo com essa mancha política em sua história, a união alcançou nível internacional e ainda existe atualmente.

2. Bebês poderiam sofrer deformações só de as mães cheirarem álcool durante a gestação

Essa visão foi disseminada por um alemão eugenista, e que mais tarde se integrou ao nazismo, chamado Alfred Ploetz. Ele passou somente um tempo em duas cidades americanas, Springfield, em Massachussetts, e Meriden, em Connecticut, antes de voltar ao seu país, mas foi suficiente para espalhar as suas inacreditáveis ideias. Ele acreditava que o consumo de bebidas alcoólicas estava ligado a uma condição genética inferior. Entre as coisas publicadas em um panfleto de sua autoria chamado “A influência do álcool sobre a raça”, ele sugeria que os bebês poderiam nascer deformados apenas pelo fato de as mães sentirem o cheiro do álcool.

3. Alguns vinhos eram feitos com baratas

Uma das bebidas alcoólicas que sempre fez muito sucesso entre os americanos foi o vinho Madeira. Originário da Ilha de mesmo nome em Portugal, o produto foi sempre muito requerido, tendo feito parte da festa da Constituição.


Diante do famoso e adorado gosto do vinho português, o pregador das ideias anti-álcool, T. P. Hunt, de Wyoming, na Pennsylvania, queria denegrir e acabar com a popularidade do produto. Para isso, ele inventou que era uma prática comum, entre os fabricantes desse vinho, deixar uma sacola de baratas para ser dissolvida dentro de uma garrafa de bebida comum. Segundo Hunt, era isso que produzia o famoso sabor do vinho Madeira.

4. A maioria dos tomadores de cerveja morria de hidropisia

Hidropisia é um termo genérico usado pelos médicos para designar a retenção de líquidos nos tecidos internos. Atualmente, se sabe que esse é um sintoma associado ao alcoolismo, no entanto, a ideia de que a maioria das pessoas que toma cerveja morre em função disso é um exagero. Essa visão foi propagada pela ex-professora de Massachussetts e um dos mais supracitados membros da União Cristã Feminina da Temperança, Mary Hannah Hanchett Hunt, em seu trabalho nas escolas em prol da organização.

5. O álcool poderia deixar as pessoas com um fígado de 11 kg

Por mais que seja amplamente conhecido que o consumo de álcool cause malefícios ao fígado, os materiais informativos da temperança não se contentavam somente com o possível terror causado por essa constatação. Para deixar os usuários de álcool com mais pavor, uma das publicações chegou a mencionar que não era incomum os fígados atingirem uma massa enorme, com peso entre 7 e 11 kg. Esse órgão vital, em condições normais de saúde, pesa cerca de 1,5 kg.

6. Os cérebros de bêbados seriam inflamáveis



Acredite, ou não, o proibicionista George McCandilish disse ter observado, certa vez, dois cirurgiões realizando uma autópsia em um alcoólatra. Segundo ele, os dois removeram a parte de cima do crânio para verificar as condições do cérebro e, com o intuito de realizar o teste para o álcool, eles acenderam um fósforo próximo ao órgão. Com isso, a massa cinzenta imediatamente pegou fogo, gerando uma chama azul semelhante à de uma lâmpada inflamável.